User:Avernarius/Operation Carne Fraca
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Avernarius/Operation Carne Fraca |
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Operação Carne Fraca é uma operação de combate ao crime deflagrada pela Polícia Federal do Brasil, e teve início no dia 17 de março de 2017 foi o estopim para o escândalo, onde apontou que as maiores empresas do ramo — JBS, dona das marcas Seara, Swift, Friboi e Vigor, e a BRF, dona da Sadia e Perdigão — adulteravam a carne que vendiam no mercado interno e externo.[3] No total o escândalo da carne adulterada no Brasil envolve mais de 30 empresas alimentícias do país,[4][5] acusadas de comercializar carne estragada, mudar a data de vencimento, maquiar o aspecto e usar produtos químicos supostamente cancerígenos[b] para buscar revenda de carne estragada, além de apontar agentes do governo acusados de liberar estas carnes.[8]
Dentre as pessoas flagradas em gravação foi registrada a interferência do então Ministro da Justiça do governo Michel Temer, Osmar Serraglio, cobrando de um dos chefes do esquema e principal alvo da investigação Daniel Gonçalves Filho, sobre a fiscalização em um dos frigoríferos envolvidos.[9]
Contexto econômico
[edit]O Brasil é o líder mundial em exportação de carne bovina e de frango, e o quarto exportador de carne suína. No ano de 2016 as vendas do setor representaram 7,2% do comércio global.[5]
A holding BRF, controladora de Sadia e Perdigão, possui no país quarenta e sete fábricas, e sozinha detinha 14% do mercado mundial de aves, exportando para 120 países; já a JBS, controladora das marcas Friboi, Seara, Swift e Pilgrim's Pride era considerado o maior frigorífero do mundo, enviando carnes para 150 países.[10]
Como impacto imediato o preço das ações destas duas empresas caíram na Bolsa de Valores no dia da operação: 7,25% a BRF e 10,59% a JBS; ambas já vinham de resultados ruins no ano de 2016, e avaliou-se que terão enormes dificuldades para conseguir reverter a quebra de confiança.[10]
Operação Carne Fraca
[edit]A Operação Carne Fraca foi divulgada pela PF como a maior realizada na história da corporação. Mais de 1.100 policiais federais foram as ruas para cumprir 309 mandados em seis estados do Brasil e no Distrito Federal. Os mandados expedidos pela Justiça foram 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão.[11]
Segundo as investigações, mais de 30 empresas e fiscais do Ministério da Agricultura se beneficiaram do esquema que envolvia liberar a venda da carne imprópria para consumo.[3]
A Polícia Federal afirmou que parte da propina liberada no esquema ia para o PMDB, partido do presidente da república em exercício, Michel Temer,[5] e PP, da base aliada.[3][5]
O delegado da Polícia Federal, Maurício Moscardi, lembrou que a responsabilidade pelos atos criminosos contra a população é tanto dos empresários quanto dos agentes públicos.[8]
Dentro do Ministério da Agricultura funcionários envolvidos com o esquema removiam fiscais para garantir a continuidade do esquema. A recusa de um fiscal em ser removido, foi o que levou ao começo das investigações.[8]
Após a operação ser deflagrada pela PF, 33 servidores foram afastados, e destes, quatro foram exonerados.[2] Três unidades de beneficiamento de carne foram fechadas; a BRF em Mineiros (GO), e as unidades da Peccin em Jaraguá do Sul (SC) e Curitiba (PR).[2]
Reações
[edit]Nacional
[edit]Autoridades alertaram para a imagem que o escândalo pode causar na indústria nacional e seus possíveis impactos na economia.[12]
As ações da JBS, na BM&FBovespa fecharam o dia 17 de março em queda de mais de 11%, as BRF seguiram as da JBS e também caíram quase 8%.[12][13] Somente neste dia, a JBS teve um perda de valor de mercado de R$ 3,456 bilhões, enquanto a BRF teve uma perda de R$ 2,31 bilhões.[14]
Internacional
[edit]O periódico New York Times afirmou que o escândalo "lança dúvidas sobre a indústria do agronegócio no Brasil, na já afetada economia nacional, devido a outros escândalos", além de mencionar o vínculo das propinas originadas no esquema, com o partido do presidente do Brasil.[12]
O jornal britânico Financial Times falou no mesmo tom do New York Times e também levantou dúvidas sobre o futuro da indústria da carne no Brasil.[12]
O também britânico The Telegraph citou as acusações de corrupção para manter a carne podre no mercado e seu vínculo com funcionários do governo federal, fato que também foi lembrado pelo jornal estadunidense Washington Post.[12]
Segundo o ministro Blairo Maggi, a União Europeia solicitou ao governo brasileiro uma reunião de emergência para esclarecimentos sobre a operação policial e as investigações sobre as fraudes.[15]
Governo
[edit]O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, do Partido Progressita, afirmou no dia 18 de março, em Cuiabá que alguns servidores se desviaram de suas funções, e afirmou que não deixará de consumir e recomendo o consumo de carne brasileira, afirmando que não há risco nenhum.[16]
O gerente de Relações Internacionais e Governamentais da BRF, Roney Nogueira dos Santos, foi preso pela Polícia Federal no dia 18 de março no Aeroporto Internacional de Guarulhos após desembarcar vindo do exterior.[17]
Doações a políticos
[edit]As principais empresas investigadas e alvos da operação Carne Fraca doaram 393 milhões de reais a políticos nas eleições gerais em 2014. O maior beneficiário foi o PT com 60,7 milhões de reais. O PMDB ficou em segundo lugar com 59,1 milhões de reais e em seguida o PSDB com 58,1 milhões de reais. O PP e o PR receberam 38,1 e 24,4 milhões de reais respectivamente.[18]
Dentre os candidatos, os políticos filiados ao PT foram os que mais receberam, totalizando 60,6 milhões, enquanto políticos do PMDB 6,9 milhões, do PSDB 3,3 milhões de reais, do PSD 3,1 milhões de reais e do PROS 1,6 milhão de reais.[18]
Ligações internas
[edit]- ^ Ainda em investigação. Não há ainda denúncias contra os investigados.
- ^ Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as substâncias (ácido sórbico e ácido ascórbico) não são cancerígenas.[6] Ambas constam na lista de aditivos alimentares aprovados pelo órgão e são comumente utilizadas no processamento de alimentos. Apesar de não serem cancerígenas, eram utilizadas para maquiar carne vencida, nas características físicas e cheiro.[7]
- ^ a b c d e f g "Carne Fraca: entenda o que pesa contra cada frigorífico". Veja. Abril. Retrieved 19/3/2017.
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